A previsão não é nada boa para o sertão potiguar. Mas ainda há uma margem de esperança. No 17º Workshop Internacional de Avaliação Climática realizado nesta semana em Fortaleza (CE), o prognóstico foi de mais um ano de chuvas abaixo da média.
Na tentativa de deixar o governo em alerta, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) apresentou esse relatório a representantes de órgãos estaduais hoje pela manhã no prédio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape/RN). Defesa Civil, Secretaria de Assuntos Fundiários e apoio à Reforma Agrária (Seara), Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (Igarn), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do (Emater) dentre outros. Um das faltas sentidas foi da Caern. A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) também enviou representante.
Apesar da previsão ruim, o gerente de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot, ressalta que o resultado ainda não é o definitivo para a estação chuvosa do semiárido. “Não é um relatório conclusivo porque poderemos ter algumas mudanças no Atlântico Sul. Essas mudanças podem ser tanto para melhor quanto para pior”, disse.
No próximo mês, haverá mais uma reunião dos meteorologistas dessa vez em Natal. Segundo Bristot, é a ocasião na qual saíra uma previsão mais próxima do real para o período que tradicionalmente deveria ser de chuva no sertão – final de fevereiro, março, abril e maio.
O responsável por coordenar as ações emergenciais de convivência com a seca é o titular da Sape/RN, Haroldo Abuana. Faltando pouco mais de um mês da estação chuvosa, ele falou que o momento ainda é de articulação dos órgãos e que só depois da confirmação da previsão de seca anunciará medidas. “Se nós não convergimos com essas ações, se as ações forem dispersas. Cada órgão faz o seu, as ações não vão surtir efeito”, disse depois da reunião em que cada órgão comentou sobre suas medidas. “Na próxima reunião teremos coisas concretas com relação a isso”, finalizou.
Segundo ele, a reunião de hoje não foi do Comitê Estadual de Combate aos Efeitos da Seca, embora muitos órgãos ali representados o compusessem. Inclusive, um dos pontos discutidos foi a mudança do nome. De acordo com sugestões, o Estado passaria a ter o comitê de “convivência com a seca”.
Na hipótese de as previsões indicarem chuvas abaixo do normal, seria o quarto ano seguido que os estudos apontam nesse sentido. Conforme o gerente de meteorologia da Emparn, desde 2012 o Rio Grande do Norte registra anos seguidos de seca. O último ano de inverno considerado “chuvoso” foi em 2008 quando as chuvas em excesso também atrapalharam o homem do campo, como, por exemplo, a destruição de estradas essenciais para o escoamento da produção no Vale do Açu.
O prefeito de Assu, Ivan Júnior, foi o representante da Femurn na reunião. Ele contou que a população já está angustiada com a perspectiva de mais um ano de estiagem. Obviamente não são apenas os pequenos produtores que sofrem. Embora as grandes empresas produtoras de frutas dependam apenas da irrigação, segundo o prefeito, um número considerável tem sido prejudicadas.”Muitas empresas de fruticultura estão indo embora do Estado com essa seca prolongada”, acrescentou.
Na oportunidade, o Igarn anunciou que as principais barragens do Estado – Santa Cruz, Umari e Armando Ribeiro Gonçalves – estão com níveis médios que chegam a 35% da sua capacidade. Diante da possibilidade de seca, a situação é extremamente preocupante.
Poços não instalados
O Rio Grande do Norte possui cerca de 1.700 poços perfurados, mas não instaladas. Eles estão dispersos pelo Agreste, Oeste e Seridó. A informação é da coordenadora de hidrogeologia da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Humanos (Searh), Telma Tostes Barroso.
Isso acontece porque o governo estadual tem equipamentos para a perfuração, mas a instalação depende de quem solicitou. Segundo Telma, boa parte dos solicitantes são sindicatos rurais e assentamentos. “Nós temos maquinário para perfurar, mas não temos recursos para instalar”, acrescentou.
Os poços são uma das alternativas bastante solicitadas em momento de desespero da população que depende da terra. Mas muitas vezes quem solicitou não tem o dinheiro necessário para fazer a instalação, ou seja, fazer o poço funcionar. De acordo com a coordenadora de hidrogeologia o valor médio de instalação é de R$ 23 mil. Isso inclui, no mínimo, um catavento e um reservatório de água na superfície.
Uma das alternativas encontradas para amenizar o sofrimento da população tem sido a assinatura de termos de cooperação com os municípios que só se iniciou ano passado. “As prefeituras entram com o material e a gente entra com o pessoal e maquinário”, acrescentou.
Foto: José Aldenir
Marcelo Lima
marcelolimanatal@yahoo.com.br
VIA: BLOG DO MÁRCIO MELO
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