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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

PEDRA PRETA AINDA SOFRE COM TREMORES DE TERRA.



O cenário pacato é facilmente interrompido por um “trovão que vem de baixo”. A louça nos armários balança assim como os quadros nas paredes, janelas e telhado. A calmaria de antes agora dá espaço a correria, medo e desespero. Depois que passa tudo volta ao normal, como se nada tivesse acontecido, exceto pelas rachaduras deixadas na parede e o temor de que algo maior possa acontecer. Tem sido assim os dias dos mais de 2.600 habitantes do município de Pedra Preta desde o dia 23 de outubro deste ano, quando abalos sísmicos começaram a ser registrados na cidade. Desde então mais de 500 tremores já ocorreram e foram captados pelo Laboratório Sismológico (LABSIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Até o fechamento desta edição, as últimas atividades ocorridas foram na terça-feira, dia 5, onde o LabSis/UFRN registrou uma sequência de quatro eventos com magnitude acima de 2.0, sendo o maior deles o terceiro de magnitude estimada em 3.5, na Escala Richter, unidade responsável por quantificar a magnitude de um terremoto. Esse tremor ocorreu às 13h38 (horário local), na já conhecida área sísmica de Cabeço Preto, no município de Pedra Preta.
Apesar dos consecutivos tremores, a rotina dos moradores da cidade não tem sofrido muitas alterações, exceto pela liberação dos estudantes nos dias em que há a ocorrência de abalos. A constância com que os abalos vêm sendo registrados já está deixando os moradores de certa forma acostumados. “O medo sempre existe, mas a gente vai levando. Não podemos fazer nada. A gente se assusta na hora, mas depois voltamos à rotina normal. Não há o que se fazer”, afirma o morador Osvaldo Santiago, que é funcionário da Prefeitura.
A moradora Francisca das Chagas Bandeira teve a estrutura da sua casa comprometida após o tremor ocorrido no dia 24 de outubro. Na sala da casa e na cozinha é possível observar as rachaduras e uma parte do gesso caída. A dona de casa mora na cidade desde que nasceu e conta que nunca imaginou que passaria por essa situação. “Tenho muito medo, mas não temos outro lugar para morar. Na hora que acontece a gente pensa que vai morrer. É um barulho muito alto, como um trovão que vem debaixo da terra e aí tudo treme. Só penso em correr para fora de casa. Quando vejo a parede rachada sinto medo de que algo maior aconteça e só peço a Deus que nos proteja”, conta.
O temor de que as casas possam desabar fez com que várias famílias dormissem nas calçadas e áreas das casas, como é o caso da família de Maria do Socorro Melo, que dormiu do lado de fora junto com o marido e os dois filhos na sexta-feira, dia 1º, quando ocorreram vários abalos. “Preferimos dormir na área e na calçada, pois qualquer coisa mais forte a gente já corria”, conta.
A criatividade também está presente quando o medo de dormir dentro de casa impera. O casal de agricultores Cícero Avelino e Maria Cavalcanti encontrou na carroceria de um caminhão a saída para se sentirem mais protegidos. Os dois idosos mais um filho, a nora e três netos dormem na carroceria desde que começaram os abalos. Eles espalham colchões pelo caminhão e dormem todos juntos. Seu Cícero instalou uma lona por cima para proteger de uma possível chuva.
A casa da família fica localizada no sítio Baixa da Jurema, local onde os tremores são sentidos com bastante intensidade e por isso o temor é ainda maior. “Vamos dormir juntos até que tudo se acalme. Pelo menos no caminhão a gente não corre o risco de ter um telhado caindo por cima e qualquer coisa a gente corre e vai embora”, conta a dona de casa.

MONITORAMENTO
O Laboratório Sismológico da UFRN continua acompanhando a atividade sísmica que vem ocorrendo na localidade de Cabeço Preto e é sentida em toda Pedra Preta. Desde que a atividade sísmica foi intensificada, em 24 de outubro passado, já foram registrados mais de 500 eventos, porém a maioria desses é de micro tremores não percebidos pela população, sendo apenas registrados pelas estações sismográficas mais próximas.
Uma atividade importante realizada durante a visita dos professores da UFRN foi a instalação do link de internet entre a estação instalada na região de Pedra Preta (ACCP, Cabeço Preto). Essa estação está localizada a aproximadamente 5 km da área epicentral. Dessa forma, agora é possível acompanhar, no laboratório, a atividade sísmica em Pedra Preta, em tempo real. O pesquisador Joaquim Ferreira, que integra o Laboratório Sismológico da UFRN, explica que a causa dos abalos em Pedra Preta é a formação geológica do Estado. “Todo o Rio Grande do Norte está na borda da bacia potiguar que é uma região que é a mais ativa do Brasil. Por isso, acontecem esses tremores”, diz.

*GAZETA DO OESTE

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