EM BUSCA DE UM NOVO HORIZONTE.
Situada
no alto oeste norte-rio-grandense a cidade de Coronel João Pessoal, fundada em
meados do século XVIII COMO Baixio de Nazaré, sob a serra de São Miguel, também
conhecida como Serra do Camará. Foi um importante centro agrícola da região,
motivando vários conflitos por posse de terra que marcaram o inicio de sua
povoação. Em 1963 o Baixio de Nazaré desmembrou-se do município de São Miguel
ganhando sua emancipação politica e recebendo um novo nome “Coronel João
Pessoa” em homenagem a João Pessoa de Albuquerque, cidade que neste ano
comemora 51 anos de sua emancipação.
A
região do alto oeste desde longa data foi cenário de violentos conflitos entre
proprietários que queriam incondicionalmente a posse das terras, principalmente
as da região de São Miguel, e em particular o Baixio de Nazaré, sendo assim, as
lutas entre esses proprietários, além de serem pelas terras eram também por
poder econômico e social da região e para terem esse poder usavam de todas as
formas possíveis para combater seus opositores, inclusive o uso de violência.
Alguns
desses casos ocorreram no Baixio de Nazaré na conhecida Fazenda Quintos, que
por muito tempo era chamada de “Quintos dos Infernos”, local onde provavelmente
se originou a cidade de Coronel João Pessoa. A fazenda Quintos pertencia ao
senhor Manoel Joaquim de Amorim, mais conhecido como “ Velho Amorim”, este era
casado com Anna Fausta de Carvalho, Amorim conseguiu essa união por ter
capturado o assassino João Brasil, que havia matado e esquartejado o rico
fazendeiro José Francisco de Carvalho pai de Anna Fausta e Antônio Monteiro de
Carvalho.
Antônio
Monteiro de Carvalho, sem coragem de perseguir João Brasil, procurou Manoel
Joaquim de Amorim para a missão, pois sabia que este tinha grande afeição por
sua irmã, prometeu-lhe a mão de Anna Fausta se caso conseguisse encontrar e
trazer até São Miguel o assassino João Brasil. Amorim sem pensar muito seguiu
em busca do assassino, há relatos que afirmam que Amorim encontrou João Brasil
no estado da Paraíba, outros que foi em Pernambuco, o fato é que ao capturar o
assassino Amorim o levou até São Miguel, entregando-lhe a Antônio Monteiro de
Carvalho, o qual fuzilou João Brasil próximo a Igreja do Padroeiro São Miguel.
Assim com a missão executada Amorim casou com Anna Fausta de Carvalho como
prometido.
Com
a união das duas famílias, Carvalho\ Amorim, o Velho Amorim ganhou grande poder
na região e consequentemente atraiu muitas desavenças, sendo necessário
contratar pessoas para sua proteção, e no grupo que fazia sua guarda encontrava-se
um cangaceiro muito temido por sua ficha de mortes, Moita Braba, que prestava
serviços para proprietários, aceitava qualquer missão desde que bem pago, era
fiel a seu patrão até o momento que lhe fosse conveniente. Moita Braba a
serviço de Amorim assassinou o rico fazendeiro José Bezerra de Medeiros, também
conhecido como, “Bezerra Matuto”, por questões de terras. Crime que Amorim só
veio a ser mencionado oito meses depois do ocorrido, até então Amorim vivia
tranquilo na sua fazenda Quintos.
Esse
crime foi o ponto final para o governador do estado Pedro Velho, que passa a
exigir uma maior eficácia das autoridades, sendo assim, segue para fazenda
Quintos o alferes Carvalho e a autoridade Firmino José Bezerra de Medeiros, também
conhecido por “Néo Bezerra” filho de Bezerra Matuto e mais nove homens para
prender Amorim. Ao chegar a fazenda cercam a propriedade e dão voz de prisão ao proprietário, que em
resposta dispara fogo contra as autoridades, iniciando assim um tiroteio que
durou toda a noite, já pela manhã mais algumas pessoas chegam para dar suporte
ao cerco da propriedade. Amorim contava com munição e mantimentos para
permanecer dentro da sua grande casa com sua família por alguns dias.
Foram
dias de espera e tiros, que perturbaram toda região, deixando as pessoas em polvorosa
sem saber ao certo o que acontecia, este o principal episódio que titulou a
fazenda como “Quintos dos Infernos”. O cerco durou cinco dias, até que Amorim
conseguiu fugir por um túnel existente na sua casa que o levou até um engenho
usado para fabricação de derivados da cana-de-açúcar as margens de “rio”, sua
família se entregou e a casa da fazenda foi saqueada e seus bens quebrados ou
roubados, um dos saqueadores era o famoso Moita Braba.
torre do engenho onde supostamente seria a saida do túnel o qual Amorim escapou |
Amorim
foi buscar ajuda na região de Luís Gomes, junto a alguns amigos importante, mas ao saberem a população
ficou com muito medo do que poderia acontecer e Amorim foi obrigado a partir
para outro estado, a partir dai não se ouviu falar mais do seu paradeiro, somente
sete anos depois quando Firmino José Bezerra de Medeiros o encontrou e matou-o
com dois tiros, lavando assim a honra da família. Desde de então, por
coincidência ou não os furos proprietários da fazenda Quintos morreram de forma
violenta.
Por
um longo período a população do Baixio de Nazaré viveu mais tranquila, agora o
novo proprietário da fazenda Quintos se chamava João Pessoa de Albuquerque ou
João Leito como também era conhecido, natural de São Miguel, nasceu no ano de
1854, era agricultor e comerciante, se destacou como líder politico na região e
recebeu o titulo de Coronel da Guarda Nacional, foi deputado nas constituintes
de 1915 a 1926 ano que se destacou por liderar um grupo de homens na luta contra
os revoltosos em São Miguel, foi presidente da Intendência Municipal de São
Miguel de 1910 a 1928. Foi assassinado no dia 26 de maio de 1928.
Foi
no dia 19 de dezembro de 1963 que o Baixio de Nazaré foi desmembrado do
município de São Miguel sob a Lei estadual de n° 3.005, e recebeu o nome de
Coronel João Pessoa, homenageando assim o seu líder João Pessoa de Albuquerque.
Teve como primeiro prefeito o senhor Nivaldo Moreno Pinheiro.
NIVALDO MERENO PINHEIRO: PRIMEIRO PREFEITO DE CORONEL JOÃO PESSOA |
Hoje
a cidade está sob a administração do senhor Francisco Alves da Costa (Pachica) e
do vice-prefeito Antônio Lopes, que estão realizando sua segunda gestão. A cidade
está
cada dia mais seguindo um ótimo desenvolvimento em diversas áreas desde a
educação, saúde, infraestrutura, agricultura, cultura, esportes entre outros.
No que diz respeito à cultura temos duas datas no calendário religioso que se
destacam a tradicional festa do padroeiro São José que acontece no dia 19 de
março e a festa de São Francisco que é realizada no dia 04 de outubro na capela
próximo ao cemitério dos pagãos que hoje é um ponto muito visitado, tanto pelos
pessoenses quanto por visitantes, temos ainda a tradicional festa de São Pedro no
dia 28 de junho e a festa de emancipação da cidade dia 19 de dezembro.
PACHICA E ANTONIO LOPES |
Destaca-se
também no esporte o paratleta na modalidade de natação, Nélio Pereira Dias da
Sociedade Amigos do Deficiente Físico (SADEF-RN), que já conquistou diversas
medalhas em diversas competições, como nos Jogos Parapan-Americanos de 2007
(Rio de Janeiro, RJ) e 2011 (Guadalajara, México), no Open Caixa Loterias de
Atletismo e Natação de 2013 em São Paulo (SP), entre outros.
foto: facebook |
Coronel ainda tem
como pontos atrativos de sua cultura e turismo e porque não dizer históricos a
barragem de pedregal que segundo mitos populares foi construída por escravos, a
famosa fazenda Quintos que ainda hoje existe artefatos históricos não oficiais
da época dos coronéis (locomóvel, antigas torres dos engenhos de cana de
açúcar), o poço dos Cágados entre muitos outros pontos que precisam ser
explorados e conservados.
TEXTO: JUSCIANA FERANDES
REVISADO POR: JEFFERSON LIMA
poço dos cágados |
obs: em busca da origem da barragem supostamente construída por escravos, procurei historiadores e proprietários de terrenos vizinhos e as informações não são tão precisas ao ponto de afirmar quem realmente construiu a barragm, ficando assim até o momento sem uma informação precisa, tudo que sabemos é que ela ainda hoje existe e que o trabalho realizado em sua construção não foi um trabalho realizado por nenhum tipo de máquina, a parede de sustentação é construída apenas por pedra e cal, material muito resistente e que possivelmente seria feito por operários em trabalhos manuais.
barragem supostamente construída por escravos |
parede da barragem, feita de pedra e cal |
vista panorâmica da antiga fazenda Quintos |
engenho usado para a produção de derivados da cana de açúcar como; mel, rapadura, alfininho entre outros |
engenho da fazenda Quintos |
engenho da fazenda Quintos |
engenho da fazenda Quintos |
CHAMINÉ DO ENGENHO ATÉ HOJE PRESERVADO |
piso de madeira original da fazenda Quintos |
antiga casa da fazenda quintos que ainda hoje existe |
sotam de madeira usado para armazenar derivados da cana de açúcar produzidos no engenho da fazenda. |
IMAGENS: DA INTERNET OU CEDIDAS POR PESSOAS RESPONSÁVEIS
JUSCIANA FERNANDES NATURAL DO SÍTIO QUINTOS ZONA RURAL DE CORONEL JOÃO PESSOA, ATUALMENTE A MESMA ESTÁ GRADUANDO EM HISTÓRIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE.
Referencias:
“Quintos
dos Infernos”, tokdehistória.com.br\tang\os-quintos-dos-infernos, acesso em 15
de dezembro de 2014.
http;\\www.culturadorn.com.br\?p=368
acesso em: 15 de dezembro de 2014
http://biblioteca.ibge.gov.br\visualizacao\dtbs\riograndedonorte\coroneljoaopessoa,
acesso em: 13 de dezembro de 2014
www.
Uol.com.br\omossoroense\200309\conteudo\saomiguel, acesso em: 13 de dezembro de
2014
www.
Cidade.ibge.gov.br\paine, acesso em 13 de dezembro de 2014.
Aos nove anos morei na fazenda quintos ,meu tio Deoclecio gerenciava a fazenda que era de Dr. Aldo na época.
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